Ensino básico x Corre-corre da cidade

            Não há nenhuma novidade em dizer que viver na cidade é uma interminável corrida contra o tempo. Dentro dessa corrida já não há mais tempo para gentilezas como: “Bom dia! Boa tarde! Boa noite!
Tais cumprimentos eram tão importantes que mesmo em outra língua era gostoso aprender a usá-las. Quem não se deliciou ao aprender as primeiras lições de inglês, aquele “basiquinho” do ensino básico: Good morning! Good afternoon! Good night!.
Ah! Lembrar dessas lições bateu uma saudade da família! Falo das famílias de antigamente. Aquelas que ao voltar da escola nos esperava reunidos em volta daquela mesa enorme de seis a oito cadeiras, que era o mínimo de filhos da época, para a segunda reunião do dia, o almoço. Sim a segunda, pois a primeira acontecera logo cedo para o café da manhã.
Naquela mesa durante as refeições se falava de tudo, desde os problemas dos pais até os problemas dos filhos. Ah, só tinha um problema: ai de quem chegasse atrasado para estas reuniões! Era castigo na certa, mas nada de espancamentos; estes variavam entre dormir na casa da avó (dormir com a avó significava dormir com as galinhas), a lavar o quintal, lavar a louça...
            Pois é. Nenhum de nós, acredito, pensou que algum dia fosse sentir tanta falta de rotinas consideradas, muitas vezes, tão chatas.
Hoje com o corre corre da cidade já não há mais tempo para os pais nem t’pouco para os filhos. Tem os filhos que são obrigados a responder uma agenda de atividades e cursos na sua rotina diária enquanto seus pais, vistos somente nas primeiras horas do dia, cumprem suas intermináveis agendas. Tem aqueles que são obrigados a dividir seu tempo entre viver e trabalhar, pois tem os irmãos para ajudar a alimentá-los. E ainda tem aqueles que não trabalham, não brincam e nem vivem, é só olhar em volta. Esta é a corrida vida da cidade.
As pessoas vivem, as pessoas correm as pessoas morrem. Parece a lei natural da vida.
Contudo, sabe-se que esta corrida é toda em prol do futuro, ou seja, de dias melhores, acertei?       Pois é, o futuro. O corre corre da cidade está colocando em cheque o futuro. Lendo o jornal da cidade dei de olhos com uma notícia no mínimo preocupante, dizia: “O governo municipal não atendeu a pauta de reivindicações dos educadores devido à falta de tempo na agenda para pensar no assunto.” Tem uma famosa frase que diz: “As crianças são o futuro do país”. Tem outra: “O futuro de uma nação está na educação”. Há! Tem outra melhor: “Um país se faz com homens e livros”. Podemos concluir então que, infelizmente, se depender da agenda de nossos governantes, o futuro é incerto. E por culpa dessa correria da cidade grande nossas crianças correm o risco de perder até mesmo aquele basiquinho!