Sou recantista-RENILDA D. VIANA
Crônicas urbanas, contos, poesias e muita dedicação
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Textos
Vida saudável em trinta minutos
Como todos os dias, acordo às cinco e meia da manhã, tenho trinta minutos para usar o banheiro, tomar banho, escovar os dentes e tomar café. Desço correndo as escadas do prédio, pois não há tempo para esperar o elevador. Aperto o controle do portão antes mesmo de me aproximar dele, saio da garagem já na segunda macha, o tempo nesta parte da manhã é extremamente rápido. Na verdade entro no trabalho às oito horas, mas não posso perder tempo com banho nem café demorados, tenho que guardar o tempo para o trânsito. Para sair do entorno da minha rua e pegar a avenida principal uso preciosos vinte minutos, o que poderia ser feito em outra parte do dia em cinco. Da avenida principal do meu bairro, Sto. Amaro, até a Av.Vinte e três de maio, lá se vão mais trinta minutos. Num feriado, dez minutos daria com folga! Mas tudo ok, se na Vinte e três não tiver nenhum motoqueiro sendo socorrido no meio da avenida, em quarenta minutos chego ao trabalho, no HSPM, com trinta minutos de folga para tomar mais um cafezinho e iniciar o serviço. Bom, mas ganhar estes preciosos trinta minutos é como acertar na loteria. Esqueci de falar, sou médico. Quando finalmente entro para atender meu primeiro paciente, a minha paciência ficou toda na Vinte e três de maio. São ossos do ofício! Entre um cafezinho e outro atendo em média vinte e cinco pessoas até as catorze horas.
Novamente me vejo com exatos trintas minutos para ir até o banheiro lavar o rosto, correr até o refeitório para almoçar e descer para o estacionamento, pegar o carro, isso se não precisar procurar o dono do carro que estacionou na minha frente, sair praticamente voando para meu segundo trabalho para complementar renda no Sta Marcelina, onde tenho plantão das dezesseis até as vinte e três horas. Bom, não preciso nem falar das condições de trabalho, a esta altura já nem sei mais onde perdi a tal paciência. Entre cafezinhos, berros e desaforos de usuários descontentes com o serviço público, encerro meu plantão. O caminho de volta é longo. Quando não tenho que passar em nenhuma delegacia para fazer B.O por assalto em algum farol, chego em casa com tempo de trinta minutos para tomar banho, jantar e dar uma relaxada no sofá antes de ir para a cama e encontrar a mulher acordada  só para perguntar como foi o meu dia e eu responder: "normal"! Confesso que não sei o que é pior.
Olha, sei que não justifica, mas tente me perdoar quando esqueço uma tesourinha no abdome de alguém!
Socorro! Pare este mundo que eu quero descer!
Renilda Viana
Enviado por Renilda Viana em 02/04/2011
Alterado em 10/06/2011
Comentários
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links