Textos
A família Confusão
Amigos de longa data
Nascidos lá no sertão
Um povo muito simples
Porém, gente de grande coração.
Uma filharada de parto normal
Pai e mãe sem eira nem beira
Mas era sempre dia de festa
A visita da velha e experiente parteira.
Na pequena vila de Parnaíba
O pai tornou-se delegado
Era homem de pouco estudo
De boa fé, apesar de pouco letrado.
Eu menina, fui sua assistente
Na hora de redigir a intimação
O filho menor era o mensageiro
Para anunciar uma eventual prisão.
Com seu jeitão de homem da lei
Era um pai presente e rigoroso
Aos meninos muito trabalho
Para as meninas um ciúme fervoroso.
Para todos os moradores da cidadezinha
As trapalhadas daquela família era diversão
Até uma amante ele arrumou
Ficou conhecido como Confusão.
Mas, infelizmente a doença não perdoa
O mal era de morte, um câncer avassalador
Levou aquela mãe guerreira para o outro lado
Deixando a sua família numa infinita dor.
Sr Confusão estava agora completamente confuso
Sua grande família perdeu o mais importante de seus pilares
Filhos pequenos, médios ou grandes seriam distribuídos
Entre os seus muitos familiares.
A mais velha foi fazer sua vida em São Paulo
Tornou-se uma mulher admirável
Cuidou dos irmãos mais novos
Até mesmo com os bastardos foi muito amável.
O velho pai Confusão, confusão já não fazia mais
Ora no sertão baiano, ora na capital paulista
Cumprindo como podia seu papel de pai.
Infelizmente um mal de saúde o atingiu
De vez veio morar na capital.
Por muito tempo sofreu
Entre casa dos filhos e leito de hospital.
Despediu-se desta vida na companhia da filharada
Que fizeram questão de manter a confusa tradição.
Uniram irmãos de pai e mãe e irmãos por parte do paizão
Uma bela família, a família Confusão.
Como amiga da família fui convidada
A participar daquela triste despedida
Entretanto para fazer jus a tradição
Não encontrei o velório, na cidade fiquei perdida.
Desculpei-me do imprevisto e prometi no sétimo dia comparecer
Fui informada do horário e local, em sua memória iríamos rezar
Por incrível que pareça, procurei a igreja até escurecer
Acreditem se quiser, na missa não consegui chegar.
Voltei para casa triste e chateada
Não encontrei o velório e perdi a missa. Que decepção!
Mas, o bom desta história bonita que contei
Foi comprovar que no final, fiz jus à família Confusão.
Renilda Viana
Enviado por Renilda Viana em 24/09/2011
Alterado em 11/05/2019