Quando a invenção de “Rodas” não favoreceu a evolução.


A roda,considerado como sendo o maior invento fundamental da história da humanidade, trouxe benefícios incalculáveis. Sem a roda, o homem não iria muito longe. As quatro principais fontes de energia que o homem utiliza para sua existência são fundamentadas na roda: a água, a energia elétrica, o animal e o vento. O cinema mostrou toda a força dessa invenção no lendário filme "Tempos Modernos", de 1936, brilhantemente estrelado por Charlie Chaplin. Daquela época até os dias atuais a roda nunca mais parou de movimentar a humanidade. Iniciei este texto lembrando um pouco da história para justificar a minha descoberta que existem rodas e Rodas. Num dia desses quando não se tem muita coisa para fazer, peguei o carro e sai por aí, fui até a Av. Paulista, pensei: “darei uma volta, visito o SESI, vejo as novidades e conforme for, assisto algum evento cultural que estiver em cartaz”. Bom, parece um passeio meio maluco, mas o que parece estranho para os outros é supernormal para mim. Não imaginei em nenhum momento que naquele dia presenciaria alguma coisa fora do normal. Porém, para meu espanto, quando terminei de subir a Av. Brigadeiro que ia pegar a Av. Paulista, dei de cara com uma multidão enfurecida, correndo, gritando e claro “tumultuando o trânsito. Pensei: “deve ser os professores de novo pedindo aumento de salário”! Resolvi encostar o carro. Desci e me recostei na porta e passei a observar a multidão. “ Quem sabe encontraria algum colega conhecido?” Mas ao prestar atenção nas palavras de ordem quase cai pra trás. Os manifestantes não eram os professores, como pensei, era um grupo de jovens ( não que meus colegas sejam velhos!) que gritavam enfurecidos algo que demorei a entender. A palavra de ordem era: FORA RODAS, FORA RODAS!!! Olha juro que fiquei perplexa. Pensei: Meu Deus, estes jovens devem está malucos! Como podem estar contra uma invenção que revolucionou o mundo? Uma invenção que supera o computador? Não acredito no que estou ouvindo! Resolvi aproximar mais dos manifestantes. A esta altura já tinha esquecido que tinha parado em lugar proibido, do meu programa, em fim, me juntei a “bagunça”, precisava descobri o porquê de tanta revolta com a “roda”. E o povo gritava: Organização, ocupação, indignação! Outros berravam mais alto ainda: é Repressão, perseguição, retaliação, é a política que “rodas” entre a população! Pensei:” este povo está ficando maluco!” Não segurando mais a curiosidade, perguntei para um jovenzinho de cabelo rastafári porque eles estavam contra rodas. Ah, era tudo que aquele moço precisava! Algum cidadão indignado com a existência de Rodas. Ele começou a falar vomitando toda sua ira:”É um cara que tem uma política repressora que avança contra aqueles que lutam por mais saúde, por mais segurança, mais educação e por Universidade pública para todos. As ações dessa reitoria da USP para aprofundar o processo de privatização tem se intensificado, cada vez mais investe no propósito de atender aos interesses do mercado. Com o objetivo de desmontar o caráter público da USP, a reitoria está tomando medidas para eliminar as forças de resistência na Universidade.Estudantes, trabalhadores e professores, estão sendo processados por se manifestarem politicamente, através de processos administrativos que visam a eliminação e demissão da Universidade, e processos criminais que visam a prisão.” O moço não parava de falar. E eu até que estava gostando de ouvi-lo. Ele continuou: A senhora sabia que com a justificativa de garantir a segurança, o reitor da USP instaurou, por meio de um convênio, a presença da polícia militar no campus? Sabia que com o avanço das perseguições políticas ficou evidente que o real objetivo da polícia militar na USP não é o de inibir crimes, mas sim de inibir e combater manifestações políticas e cercear o direito de expressão livre de estudantes e trabalhadores? Sabia! Respondi. Mas o que a roda tem a vê com a luta de vocês? Ah, confesso que pensei que ele fosse me matar! Ele tratou de falar mais alto, quase berrando no meu ouvido. O Rodas é o cara sustentado institucionalmente por um Conselho Gestor antidemocrático que assinou um convênio com a Polícia Militar e para mascarar os reais propósitos do convênio Rodas-PM, a reitoria da USP se utilizou de maneira oportunista da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, que ocorreu dentro do campus! E a senhora vem perguntar o que Rodas tem a ver com nossa luta? Gente, que mico!! Eu achando que os jovens estavam contra a roda, a grande invenção da humanidade, quando na verdade a luta era contra Rodas, o grande entrave da evolução! Vejam no que dar quando não estamos informados do que acontece em nossa volta! Desculpei-me com o manifestante e claro, puxei a palavra de ordem: FORA RODAS! FORA RODAS!