Sou recantista-RENILDA D. VIANA
Crônicas urbanas, contos, poesias e muita dedicação
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Textos
A Educação na contra mão do crescimento
A prefeitura de São Paulo implantou o Projeto Ampliar nas escolas.
Quem houve falar num projeto com um nome desses, imagina logo: crescimento, investimento, sucessos, melhorias. Mas aqui nesse campo o “ampliar” vem com uma conotação perversa. O projeto visa aumentar o tempo do aluno na escola. Quero deixar claro que não sou contra, porém, a política educacional que aprova projetos mirabolantes na rede, não tem mostrado nenhuma eficiência, vê-se pelos números dos resultados das últimas pesquisas. São Paulo amarga uma péssima posição no ranking. Em tempos de grande desenvolvimento a educação parece caminhar na contra mão. Hoje, vimos nas indústrias patrões trocarem as horas extras de trabalho por horas dedicadas aos estudos, são muitas as indústrias que divide o tempo do funcionário entre o trabalho e sua formação, visando maior e melhor rendimento. No setor Educação, que deveria trazer o exemplo, segue na contra mão. Com o “ Ampliar”, o governo planta na escola, de um jeito torto e equivocado, a já extinta hora extra das indústrias. O professor que já tem uma jornada exaustiva, pode “ampliar”  recebendo extras. Caso o professor da casa não tenha como, por já  possuir jornada ampliada em outra rede ou escola, outro pode assumir as extras. Tempo para formação pra que? Pra cuidar de crianças enquanto seus pais trabalham não precisa ser doutores. Aí dizem: “ Mas agora tem a Lei Federal. A Lei que determina o salário base para todos”. Se analisar bem, trata-se de uma Lei que já foi aprovada errada, ela achata e exclui de vez o plano de carreira.
Realmente, o “Projeto Ampliar” vem ampliando tudo: ampliou o nível de descaso, a falta de seriedade nos investimentos, a falta de diálogo, de planejamento, falta de qualidade no material pedagógico e muitas outras mazelas. Se quisessem mesmo ampliar alguma coisa em beneficio do aluno e da escola, primeiro deveria investir em formação para o professor, contrataria por meio de concursos, profissionais para assumir os projetos extracurriculares, investiria  na ampliação de espaço físico e acima de tudo implantaria uma política educacional que respeitasse a opinião dos verdadeiros envolvidos no processo, os professores.  
Para ilustrar o tamanho dessa “ampliação” nas escolas posso citar a distribuição do material pedagógico nas escolas municipais. Segundo pesquisa, melhorou o kit de material, este foi “ampliado”, aumentou a quantidade. Cada aluno recebe uma caixa com diversos materiais pedagógicos. (que vai da borracha até o compasso). Parece ótimo! Bom, eu gostaria de ter o conhecimento do valor de cada um dos kits. Gostaria de conferir se realmente “vale quanto pesa”. Melhor, gostaria de desafiar o prefeito ou qualquer outro representante do governo, a apontar o lápis, dar duas voltas no apontador sem parti-lo ao meio, pintar qualquer desenho com as canetinhas esferográficas, (estas já vem sem tinta), apontar os lápis de cores, o giz de cera e até mesmo o  compasso ( que já vem emperrado, alguns não tem quem abre). O kit é entregue numa semana e na outra já estamos todos desprovidos do material necessário. Ah, esqueci-me de falar da cola, além de ser mal cheirosa e de péssima qualidade, vieram todas estouradas dentro da caixa. Como podem ver, por aqui também passou o “Projeto Ampliar”, mas com certeza não foi em benefício do aluno.
Se for descrever o nível dos cursos de formação oferecidos pelas oficinas pedagógicas, chegaria a triste constatação de que aqueles profissionais também tem que “ampliar” sua jornada e não lhes sobra tempo para se prepararem. Mas posso afirmar que as oficinas são  dividida em três momentos principais: primeiro as apresentações, matar a saudade dos colegas que só se veem em dia de paralisação e reclamações dos dias exaustivos da sala de aula. Segundo, a parada para o café com bolacha de água e sal, o cigarrinho para aqueles que ainda insistem em manter o vício e o banheiro. Terceiro momento, aquele que todos aguardam desesperadamente pela formação, resume em troca de experiências. A formadora que deveria dar formação solicita relatos de experiências bem sucedidas para compartilhar com as colegas. Sai todo mundo bem “informado”, formação que é bom...
Hoje é bastante comum ouvir entre os colegas: precisam de um “bico”, pega aulas do projeto da prefeitura e você recebe como TEX, ou seja, façam extras na educação.
Depois ainda perguntam por que a Educação no Brasil vai mal?  
Renilda Viana
Enviado por Renilda Viana em 28/03/2012
Alterado em 11/09/2012
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