A chatice da mamãe.
Ah! Como ela enchia-me o saco quando não me deixava brincar na areia, para não sujar a roupa!
E quando cismava de pentear meus longos cabelos cacheados, completamente embaraçados e finalizava com uma trança que eu odiava!
Bastou eu crescer um pouquinho e lá veio ela já me achando bastante grande para ajudar a manter a casa em ordem. Arrumar a cama, tirar o prato da mesa e tomar contar dos irmãos menores, eram tarefas que eram exigidas sem direito a reclamações!
Às vezes este seu jeito autoritário me revoltava tanto que me passava pela cabeça o desejo de substituí-la por outra mais legal! Vê se pode!!!
Por muitas vezes chegou a me dar umas belas palmadas, principalmente quando eu aprontava alguma na escola, que logo chegava ao seu conhecimento.
Eu a achava tão diferente das outras mães! As mães das minhas amigas sempre me pareciam mais legais! Ela sempre tinha algum lugar para ir, uma amiga para visitar, plantinhas para cuidar, qualquer coisa que lhe tirasse da prisão da vida doméstica! Mas este seu jeito diferente não a impedia nem um pouco de ficar as vinte quatro horas do dia me enchendo o saco!! Brigava se eu acordasse atrasada para a escola, se eu não quisesse comer legumes, se eu me sujasse na areia, se eu me atrasasse para o almoço ou para o jantar, se eu não arrumasse a cama, se eu não fizesse a lição da escola....Brigava por tudo!
Quando me tornei adolescente ela ficou mais chata ainda, qualquer amiga que eu conhecesse, na opinião dela, não era uma boa amizade, queria continuar fazendo em mim aquelas tranças horrorosas e ainda me mandava dormir com a vovó, o que para mim era horrível, pois enquanto minhas amigas se divertiam na rua brincando de esconde-esconde, eu já me encontrava deitada contando as telhas do telhado para vir o sono, pois a vovó “dormia com as galinhas”!
Cresci, pensa que ela saiu do meu pé? Sempre achava que para umas coisas eu era grande demais e para outras eu não passava de uma pirralha sem nenhum juízo.
Ela torrava tanto a minha paciência que eu desejei sair de casa, fugir, ir para bem longe! Em algumas vezes cheguei até a fingir que estava de mal com ela, passava o dia inteiro de cara fechada, fingia que estava doente, me escondia para deixa-lá preocupada e tudo mais!!
Mesmo assim ela não desistia de pegar no meu pé.
Quando finalmente eu me casei, pensei: agora serei dona do meu nariz! Engano! Lá estava ela, sempre dando palpite em tudo. Meu café era forte demais, meu arroz era grudento, minha roupa estava mal lavada, tudo parecia ruim, ela estava sempre querendo que eu fizesse o melhor. Aí veio meu primeiro filho. Ah! Dei-lhe um neto! Pensei: ela agora tem com o que se ocupar e vai me deixar em paz! Novamente me precipitei. Lá vinha ela se metendo em como cuidar do meu próprio filho. Queria me ensinar a preparar a mamadeira, a dar o banho, a receitar chazinhos para a dor de barriga, a fazer tudo como se eu ainda fosse aquela menininha boba que vivia com ela.
Acreditam que logo, logo serei vovó, e ela continua se metendo em minha vida?
Já esta doidinha para vir de mala e cuia dizendo que eu posso precisar de ajuda para cuidar dos netos!
Ah! Mãe não tem jeito mesmo!!!! A gente não cresce nunca para elas!!
Obrigada mãezinha, por ter sido tão chata comigo e com meus irmãos! A quero pegando no pé por muitos anos ainda!!
Hoje é dia das mães, seja um filho tão chato quanto elas e exija que fiquem sentadas descansando e lhe sirvam tudo nas mãos!
Parabéns a todas as mamães!!!!!