Lá estava a professora Matilde cumprindo sua rotina de sala de aula, quando um grupo de alunos reunidos no fundo da sala lhe chama atenção. Aproxima-se e ouve o tema da conversa, cigarros. O Joãozinho, conhecendo bem a professora, já se defende: “eu não sei de nada!” Outro diz: “o Pedro que está aqui falando que ele fuma cigarros.” O Pedro logo se justifica: “a minha mãe disse que eu já posso fumar.”  A professora ficou até tonta com o assunto em discussão. Dirige-se para o Pedro: “como assim a sua mãe disse que  você já pode fumar? Desde quando existe uma idade certa para se tornar fumante? A sua mãe não sabe o que está falando! Vamos parar com esta conversa e voltar para a aula de ciências!”  
Apesar de ser uma professora bastante tradicional, daquelas que não desvia do conteúdo programado nenhuma linha, Matilde se vê obrigada a fazer uma intervenção e desmitificar aquela ideia passada pela mãe do garoto. Conversa com o grupo sobre as permissões para um jovem, conforme avançam a idade, tipo: brincar, estudar, namorar, se formar, casar, etc. em resumo, fumar não fazia parte destas permissões. Como não era de muita conversa, resumiu: “cigarro mata”! Voltou para sua aula e encerrou o assunto. Não tinha certeza se algum deles, principalmente o Pedro, teria absorvido seus conselhos. Afinal, acreditar nos pais, deveria ser o mais lógico. Passou o tempo. No ano seguinte, o aluno Pedro foi estudar em outra turma, pois foi reprovado, a professora seguiu com a turma que avançou. Durante o intervalo, os alunos costumavam se reunirem em grupinhos para aquelas conversas proibidas. Quando a professora passa próximo do grupo dos novos colegas do Pedro e escuta a palavra “fumava”, De repente o Pedro sai do meio do grupo gritando: “professora, professora, não é verdade que no ano passado eu fumava e a senhora pediu para eu parar e eu parei?”
Ela não sabia se fazia cara de brava ou a cara de um professor que acabou de receber um bônus.
“Sim é verdade. Ele nunca mais fumou e nunca vai fumar!”
A professora se afastou com uma certeza: “não consegui fazer avançar para a série seguinte, mas consegui garantir alguns anos a mais para seus pulmões.”