Antes da finalização de um livro, até ele chegar às mãos do leitor, ele passa por muitas mãos e olhos. Podemos revisá-lo centenas de vezes e, mesmo assim, somos passíveis de cometer falhas e erros. Muitas vezes, esses erros são grosseiros para os olhos do leitor e invisíveis para quem escreveu. Somos traídos pelos sentidos mais aguçados: olhos, tato e ouvidos. Uma palavrinha que fugiu do campo de visão, ou outra que saltou de um lado a outro por um simples dedilhar nas teclas, ou até mesmo aquele erro grotesco que salta aos ouvidos, berrando que nem tudo que se ouve é, de fato, o que houve. Escrever é um ato de coragem, ou melhor, um ato de ousadia. Pois ninguém escreve para si mesma; não há sentido na escrita se não for compartilhada. Daí a responsabilidade e tamanha ousadia: os dias que antecedem o compartilhamento de um livro escrito por você geram calafrios, por mais experiência que se tenha. Envolvem tantas expectativas e despertam tantos sentimentos que, a partir desse dia, o escritor só quer ouvir: "gostei do que vi e li". Estética, conteúdo e benefícios: reunir todos esses aparatos em palavras exige dedicação, amor pelo que se faz e conhecimento, mas não livra você de cometer falhas. Nos resta pedir desculpas ao nosso leitor: desculpe as nossas falhas. Se o autor conseguir transmitir a sua mensagem através da sua escrita, ele alcançou o ápice da sua proposta. Quantos livros de autores consagrados já lemos e concluímos com a frase: "não entendi o que ele quis passar", ou "não gostei", ou ainda "ele escreveu tal palavra de forma errada"? Sim, não somos pontos isolados; somos pessoas cheias de falhas, contudo, jamais substituíveis por máquinas de cérebros artificiais. Continue errando e acertando; são os erros que nos põem no caminho certo. Lembre-se: as máquinas executam o que você pensa, não o contrário.